domingo, 14 de janeiro de 2018

ARQUITECTURA AO CENTRO #42



CASA EM PEDRÓGÃO
TORRES NOVAS, PEDRÓGÃO

Paulo Henrique Durão
Daniel Gil Tomé, José António Martins, Nelson Mercê Aranha
Phyd Arquitectura
2008

abaixo do solo, sobre o ar

"A minha relação com o tempo é, antes de mais, muito particular tentando exprimi-lo de uma maneira gráfica; entendo o tempo como uma grande tela, uma tela imensa, onde os acontecimentos se projectam todos, desde os primeiros até aos agora mesmo. Nessa tela, tudo está ao lado de tudo, numa espécie de caos, como se o tempo fosse comprimido e além de comprimido espalmado, sobre essa superfície; e como se os acontecimentos, os factos, as pessoas, tudo isso aparecesse ali não diacronicamente arrumado, mas numa outra arrumação caótica, na qual depois seria preciso encontrar um sentido." (Reis, Carlos . in Diálogos com José Saramago, Editorial Caminho 1998)

Esta ideia de tempo, TEMPO PLANO, descrito pelas palavras de Saramago, é possivelmente o grande sonho que tentámos construir. Essa Ideia, da Arquitectura enquanto instrumento de captação de sítios, topografias, paisagens, usos e pessoas. Na qual o projecto desempenha apenas a missão de reter e dispor, organizar usos e qualidades do próprio sítio. Um TEMPO PLANO, arrumado pela topografia, arrumado pela função, arrumado pela qualificação do espaço. Dormir encaixado no solo, estar entre solo e ar, estar no exterior na paisagem.
Plano Horizontal onde tudo acontece, que sentiu a necessidade de compreender como se poderia construir uma casa que conseguisse capturar o sítio e as vivências. Que sentiu a necessidade de encontrar uma ligação lógica entre todas as coisas, ainda, que não pareçam ser de ali. Construir uma Casa, na qual se entra, a partir da cobertura, em que se cai, nessa descida contínua em direcção ao interior, de tudo o que existe.
Viver abaixo do solo, sobre o ar.

Viver dentro da matéria, entre a paisagem.

Como se a Casa, construísse sempre uma verdade e a sua oposição. Numa relação entre a leveza e o peso, essa antítese, essa ilusão gravítica, que sempre alimentou os sonhos dos Arquitectos ao longo da história da Arquitectura. E que sucessivamente conheceu as limitações da técnica, como limite ao sonho. Também esta casa quer construir a leveza, com o peso próprio da matéria, que a técnica do seu tempo lhe impõe.

site: phydarquitectura.com

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