terça-feira, 15 de março de 2016

PROJECTAR COM TADAO ANDO


Dedicada ao japonês TADAO ANDO, a próxima sessão da actividade PROJECTAR vai realizar-se no dia 17 de Março, quinta-feira, pelas 19h00, no Auditório Municipal da Câmara Municipal de TORRES VEDRAS.

Tadao Ando é o mais velho de gémeos nascidos a 13 de Setembro de 1941 em Osaka, Japão. Aos dois anos, com o desenrolar da segunda guerra mundial, os seus pais resolvem separar os irmãos e Tadao é enviado para viver com a sua avó materna que lhe transmitiu o seu nome Ando. Passou grande parte da sua infância a brincar na rua e nos campos. Dos 10 aos 17 anos também passava parte do tempo como aprendiz de carpinteiro, numa carpintaria próximo de sua casa onde fazia modelos de barcos e de aviões entre outros trabalhos.

Após uma breve experiência como lutador de boxe, Ando dedicou-se ao seu singular processo de aprendizagem de arquitectura, estagiando por curtos períodos com profissionais relevantes como designers e urbanistas. "Nunca fui um bom estudante. Sempre preferi aprender por mim próprio, fora das aulas. Quando tinha 18 anos comecei a visitar templos, santuários e casas de chá em Kyoto e Nara, onde há muita grande arquitectura tradicional. Estava a estudar arquitectura indo visitar os próprios edifícios, e lendo livros sobre eles." Realizou viagens de estudo à Europa e aos Estados Unidos nos anos sessenta, para ver e analisar grandes edifícios da civilização ocidental, registando-os em detalhados cadernos de viagem, hábito que mantém sempre que viaja.

Em 1969 instala o seu estúdio Tadao Ando Architect & Associates em Osaka, onde lhe é aberta a possibilidade de exercer a profissão sem um título académico de arquitecto. A partir daí vai começar a desenvolver a sua arquitectura caracterizada por uma grande simplicidade, que nos transmite uma sensação de materialidade com as suas paredes de betão à vista que encerram os espaços, de tactilidade dado o tratamento que as superfícies recebem que parecem "suaves como a seda", e de vazio por nos seus edifícios depender apenas da luz natural a dramatização dos espaços.

A sua primeira encomenda foi o projecto de remodelação da habitação de um jovem casal com um filho. Quando a obra foi concluída, eles tiveram gémeos e a casa para três já não era suficiente para uma família de cinco. Na brincadeira disseram que Ando deveria responsabilizar-se, pelo que ele comprou a casa e fez dela o seu estúdio. Após muitas alterações, acabou por ser substituída pelo actual edifício em betão.

Em 1975, a sua obra chama à atenção pela primeira vez, com a construção da Casa em Banda (Azuma House) em Sumiyoshi, Osaka: um simples bloco de betão encaixado entre casas estreitas, cuja fachada cega é pontuada apenas pelo vão da entrada. Simplicidade também evidenciada pela organização interna, dois corpos separados por um pátio interno, todos com a mesma dimensão, e no pátio as escadas e a passagem superior de um bloco para o outro. Destaque também para a Casa Koshino (1980-81 e 1983-84) em Ashiya, Hyōgo.

Um das primeiras obras a dar projecção internacional ao seu trabalho é o complexo habitacional Rokko I, em Kobe, Hyogo (1981-83), um edifício de habitação colectiva que em vez de se organizar numa torre, se desenvolve ao longo duma encosta, numa síntese de simplicidade e complexidade. O seu sucesso ditou a realização de uma segunda fase de maiores dimensões (1993) e uma terceira ainda maior (1999), adjacentes à primeira.

Uma das facetas mais interessantes da sua obra são os edifícios de carácter religioso, uma série de capelas cristãs e outros locais de meditação e de contemplação. Uma das mais impressionantes é também uma das mais simples, a Capela da Luz em Baraki, Osaka (1988-89), uma caixa rectangular de betão intersectada por uma parede a 15º, que obriga o visitante a dar a volta para entrar, onde encontra uma sala com pavimento descendente em direcção ao altar, junto à parede do fundo rasgada vertical e horizontalmente por dois vãos que se intersectam formando uma cruz e que são a fonte de luz do espaço.

Para além da luz e sombra, do betão e aço, o vidro e por vezes a madeira, as vistas e o total encerramento do espaço, outro tema comum do seu trabalho é o uso de espaços enterrados e o recurso a escadas. No seu Templo sob a Água, na ilha de Awaji (1991), após um percurso mediado por paredes que ora ocultam ora revelam, a entrada no espaço de culto é feita através de uma rampa aberta no meio de um lago oval de nenúfares que não é mais que a cobertura daquele. A água também assume um papel relevante na Capela na Água em Tomamu, Hokkaido (1988) (foto mais abaixo).

Em projectos para edifícios de maior escala, destacam-se os espaços museológicos, como o Museu das Crianças em Himeji, Hyōgo (1989), em que se dá grande atenção ao modo como o edifício se integra e relaciona com o local e a paisagem circundante. Outros museus seguiram-se: o Museu da Literatura em Himeji, Hyōgo (1991 e 1996), o Museu de Arte Contemporânea de Naoshima, Kagawa (1995), o Museu Histórico de Chikatsu-Asuka, em Osaka (1994), o Museu Municipal de Arte de Hyōgo, em Kobe (2002), ou o Museu de Arte de Akita (2012), entre outros.

Fora do Japão, após a construção do pavilhão efémero do Japão, na Expo'92 em Sevilha, Espanha, foi-lhe encomendado o projecto do edifício Fabrica (Centro de Pesquisa de Informação da Benetton) em Treviso, Itália (1993-2000), a Vitra Seminar House em Weil am Rhein, na Alemanha (1993), e o Espaço de Meditação da UNESCO em Paris, França (1995). Seguiram-se projectos nos Eatados Unidos, como o The Pulitzer Foundation for the Arts em St. Louis, Missouri (2001), ou o Modern Art Museum of Fort Worth no Texas (2002), e na Alemanha, a Fundação Langen em Neuss (2004), bem como outros na Itália, Reino Unido, Coreia do Sul, México e China.

Para além de quase todos os prémios de arte e arquitectura que o seu país pode atribuir, incluindo o Praemium Imperiale First “FRATE SOLE” em 1996, foi distinguido com a Medalha Alvar Aalto da Associação de Arquitectos da Finlândia em 1985, a Medalha de Ouro em Arquitectura pela Academia de Arquitectura de França em 1989, o Prémio de Arquitectura Internacional Carlsberg da Dinamarca em 1992, o Pritzker Architecture Prize em 1995, a Royal Gold Medal do RIBA, Reino Unido, em 1997, a Medalha de Ouro do American Institute of Architects em 2002, ou a Medalha de Ouro da União Internacional de Arquitectos em 2005, entre outros prémios e distinções.

Embora não possua nenhum grau académico, foi professor visitante nos Estados Unidos da América em instituições como Yale, Harvard, ou Columbia. Para além disso deu muitas conferências em outras escolas incluindo Princeton, Massachusetts Institute of Technology, University of California at Berkeley, Rice, e na University of Pennsylvania, bem como nas principais escolas do Reino Unido, França e muitos outros países.

Adaptado a partir de: en.wikipedia.org, www.pritzkerprize.com e architect.architecture.sk


Informações sobre os documentários aqui.
Mapa de localização do local onde decorrerá a sessão aqui.

Apoio:
Município de Torres Vedras

PROGRAMA:

17 de Março, 19h00
Auditório Municipal da Câmara Municipal de Torres Vedras
TADAO ANDO
Do Vazio ao Infinito

(2013, Mathias Frick, 52')

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