No próximo dia 26 de Junho, quinta-feira, pelas 19h00, no Cine-Teatro da Casa da Cultura de Mora, terá lugar mais uma sessão PROJECTAR, a vigésima segunda, com um documentário dedicado ao arquitecto francês Claude Parent.
Intitulado Claude Parent, Une Utopie dans le Siècle, episódio da série Portraits d'Architects, neste documentário, realizado em 1998, o realizador acompanha Claude Parent em sua casa, no seu estirador, mas também em Sénanque, junto à abadia cisterciense considerada pelo arquitecto como uma das obras primas da arte de construir ocidental...
Para além das suas teorias, Claude PARENT é uma das figuras mais controversas da arquitectura francesa do pós guerra.
O choque emotivo é o principal motor do seu trabalho. É um provocador que cultiva o paradoxo, o seu trabalho coloca-se numa posição de permanente conflito. Claude PARENT detesta a arquitectura efémera que se transforma ao sabor de cada um, o que o atrai é a constância na arquitectura. Ele recusa a noção de escala humana, para ele todo o espaço é habitável pelo homem.
Ele trabalhou no atelier de Le CORBUSIER, mas depressa saiu de lá por divergência de opiniões. Ele prefere a companhia de artistas à de arquitectos (SCHÖFFER, BLOC, KLEIN, …).
Ele nunca pretendeu ser rebelde mas foi-o toda a sua vida ainda assim.
Foi um fervoroso opositor da Carta de Atenas, verdadeira bíblia para a sua geração. Aquela deu origem ao desastre actual do nossos subúrbios. Ele é o primeiro a pôr em causa os seus princípios: ela não tem outra consequência que a destruição da cidade.
É a partir desta altura que ele vai procurar libertar-se dos dogmas da arquitectura moderna, e das interdições da arquitectura racionalista.
O seu trabalho depressa se vai debruçar essencialmente sobre as noções de desequilíbrio, e da instabilidade.
Elabora com VIRÍLIO (filósofo) uma teoria sobre o oblíquo, eles pretendem em conjunto fazer as pessoas viver em "leve inclinação". Isso dará então origem a numerosas formas de cidades utópicas.
Esta teoria refuta a neutralidade da horizontal, onde nada se passa. Pelo contrário, o oblíquo cria uma relação dinâmica com o corpo, a procura do equilíbrio desperta os sentidos.
À falta de encomendas, ele inclui então a oblíqua em todos os seus projectos.
Em resposta ao problema da expansão de Paris, ele elabora uma doutrina. Esta propõe uma Paris paralela, uma nova cidade com a mesma dimensão vizinha de Paris. Estas duas cidades estariam separadas por uma barreira verde.
Mas o governo da época escolhe a solução oposta de cinco cidades satélites, cinco centros em volta de Paris. Infelizmente constata-se hoje em dia que esta solução não resultou, estas cidades não chegam a adquirir a sua autonomia porque são em quantidade excessiva.
Sendo as suas doutrinas um pouco marginais demais para o gosto de alguns, Claude PARENT dedica-se bastante à construção de casas particulares que ele projecta como verdadeiras pérolas raras. Ele ajuda o cliente a atingir o mais profundo dos seus ínfimos desejos, das suas apetências desconhecidas.
Com estas sessões propõe-se esta Delegação da Ordem dos Arquitectos exibir documentários de Arquitectura, como forma de divulgar a vida e obra de arquitectos com importância na história e teoria da arquitectura, nacional e internacional, de várias épocas e movimentos, e assim contribuir para o enriquecimento da cultura arquitectónica na nossa região.
Estas sessões destinam-se, para além dos arquitectos da região, a todas as pessoas com curiosidade e interesse nestes temas, sendo de acesso livre e limitadas à lotação do Cine-Teatro da Casa da Cultura de Mora que está disponível para o efeito.
Apoio:
Município de Mora
PROGRAMA:
26 de Junho, 19h00
Cine-Teatro da Casa da Cultura de Mora
CLAUDE PARENT - Uma Utopia Secular
(1997, Jean-Louis André, 52')
17 de Julho, 19h00
Vila Nova da Barquinha
(Filme a anunciar)
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