quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

PROJECTAR COM ALBERTO PESSOA, PEDRO CID E RUY ATHOUGUIA

A Sede e Museu da Fundação Calouste Gulbenkian, edifício projectado pelos arquitectos ALBERTO PESSOA, PEDRO CID e RUY ATHOUGUIA, vai estar em foco na quadragésima nona sessão da actividade PROJECTAR, que se realiza nesta 5.ª-feira, dia 12, pelas 19h00, na Biblioteca Municipal de CASTELO BRANCO.


ALBERTO PESSOA (1919-1985)

Alberto José Pessoa nasceu a 15 de Abril de 1919 em Coimbra (sendo por vezes referenciado como sendo natural da Figueira da Foz), e naquela cidade concluiu o ensino secundário, dedicando-se à pintura nos tempos livres.

Muda-se para Lisboa, terminando o Curso de Arquitectura na Escola de Belas-Artes de Lisboa, com 17 valores, em 1943. Desde o ano anterior trabalhava com Licínio Cruz no Gabinete do Plano de Obras da Praça do Império, sob a orientação de Cottineli Telmo.

Também sob a orientação deste mesmo arquitecto, trabalhou na Comissão Municipal das Obras da Cidade Universitária de Coimbra de 1942 a 45, nomeadamente no arquivo e remodelação da Biblioteca Central da Faculdade de Letras (1951). Mais tarde, nesta mesma cidade projectou, com a colaboração de João Abel Manta, as instalações da Associação Académica de Coimbra, construída em 1961, incluindo o Teatro Gil Vicente e o Estádio Universitário, entre outros projectos não concretizados.

De 1945 e 1946 prestou serviço na Câmara Municipal de Lisboa, onde realizou estudos de urbanização, nomeadamente, da Avenida Infante Santo. Foi também co-autor dos projectos municipais do conjunto das construções da Avenida Paris e da Praça Pasteur, exemplos de um urbanismo e arquitectura de transição, com quarteirões semiabertos, de traseiras aproveitadas para jardins e equipamentos colectivos, constituindo estas experiências municipais lisboetas as primeiras a romper significativamente com a arquitectura de tradição oficial.

Também desenvolveu a sua atividade no atelier de Francisco Keil do Amaral, com Hernani Gandra, envolvendo-se nos projectos dos centros extra-escolares para a Mocidade Portuguesa (1942), do restaurante e arranjo do jardim do Campo Grande (1945), do Parque de Monsanto (1947-53) e 1ª versão do Palácio da Cidade e outros projectos para o Parque Eduardo VII (1948-51).

Entre 1946 e 1950, Alberto faz parte do grupo ICAT (Iniciativas Culturais Arte e Técnica) fundado em 1946 por um grupo que incluía Keil do Amaral, João Simões, Veloso Reis Camelo, Paulo de Carvalho Cunha, Adelino Nunes, Hernâni Gandra, Celestino de Castro, Formosinho Sanches e Raúl Chorão Ramalho, entre outros, e em 1948 participou no 1º Congresso Nacional de Arquitetura, promovido pelo Sindicato Nacional dos Arquitectos.

A partir de 1947, instala o seu próprio atelier em Lisboa, na Avenida Guerra Junqueiro, para em 1953 o mudar para a Avenida João Crisóstomo, associando-se ao Arquitecto João Abel Manta. Desta equipa nasce o conjunto residencial e comercial do n.º 70 da Avenida Infante Santo (1954–58), galardoado com o Prémio Municipal de Arquitectura de 1956; a Piscina Municipal do Areeiro (1962) e os Pavilhões Gimnodesportivos da Direcção Geral dos Desportos (na Cidade Universitária de Lisboa, em Castro Verde, Guarda e Funchal); um conjunto urbano na Lapa (1964); o Plano de Urbanização de Agualva–Cacém (1965-67); e o Projecto do Agrupamento de Casas Económicas de Mira-Sintra, entre outros.

Também se dedicou ao ensino na qualidade de professor-assistente do Prof. Cristino da Silva, na cadeira de Projecto, nos anos de 1953 a 1962, na Escola Superior de Belas–Artes de Lisboa, assim como foi um dos directores da revista Arquitectura e membro da direcção do Sindicato Nacional dos Arquitetos, nas presidências de Porfírio Pardal Monteiro (1948-50) e de Inácio Perez Fernandes (1951-56).

Com os arquitectos Pedro Cid e Ruy Athouguia forma o grupo autor do projecto da Fundação Calouste Gulbenkian (1961–69), escolhido em concurso por convites, vencendo às equipas formadas por Arménio Losa, com Formosinho Sanches e Pádua Ramos, e a composta por Frederico George, Manuel Lajinha e Arnaldo Araújo.

Com Ruy Athouguia e Luís Pessoa, desenha o arranjo urbanístico para a Praça de Espanha, o programa-base do Centro de Congressos de Lisboa e o arranjo urbanístico da faixa marginal entre a Torre de Belém e a Cordoaria, com vista à implantação do Centro de Congressos e de um complexo hoteleiro de apoio, para além do edifício-sede do Metropolitano de Lisboa, em Palhavã.

A partir de 1979 passa a trabalhar em equipa com o Arquitecto Luís Pessoa e das suas mãos nascem os projectos de um edifício para escritórios e armazéns da Petrogal, em Cabo Ruivo; do Centro Cultural, Centro de Culto, duas escolas primárias e supermercado de Mira-Sintra; o Plano de Urbanização em Algueirão – Mem Martins, de 1500 fogos, para a Cooperativa de Habitação Económica Coopalme; o Plano de Urbanização para recuperação do bairro clandestino de Varge-Mondar, em Sintra; cinco agências da Caixa Geral de Depósitos e de novos edifícios a construir na Praça de S. Bento.

Fora de Lisboa, assinou os projectos de um conjunto de casas económicas para Portalegre; dos escritórios e laboratórios da Companhia de Cimentos Secil do Outão (na Serra da Arrábida); do Palácio da Justiça de Porto de Mós, com o Arquitecto Raul Abreu; do autosilo das Carvalheiras, no Porto; do Restaurante no Alto dos Corvos (Peniche); da Fábrica de Cimento de Luanda e de vários edifícios de grande porte destinados a habitação e comércio na mesma cidade; e da sua própria casa na Malveira da Serra.

Foi arquitecto-consultor da Câmara Municipal da Figueira da Foz durante cerca de 17 anos, onde realizou com o arquitecto Mário Pereira da Silva, o Plano Geral de Urbanização da Figueira da Foz, nos anos 60 e a sua revisão em 1980, assim como os Planos dos Vales das Abadias e do Galante, e de Urbanização e recuperação das povoações da Cova e Gala (1981), para além do estudo arquitectónico da Esplanada Silva Guimarães (1982). Foi também o autor da moradia do Dr. Azeredo Perdigão na Figueira da Foz, assim como do Plano Geral da Marginal Oceânica desde o Forte de Santa Catarina a Buarcos (1984) e com Luís Pessoa, do programa-base de um complexo turístico composto por Aparthotel, Centro de Congressos e instalações desportivas.

Recebeu duas vezes o prémio Valmor, primeiro em 1950, para premiar uma moradia no n.º 37 da Rua Duarte Pacheco Pereira e a segunda vez, em 1975, pela sede da Fundação Calouste Gulbenkian, para além do Prémio Municipal de Arquitectura de 1956 já referido. A 31 de Outubro de 1969 foi feito Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.

Faleceu em Lisboa, em 1985.

Adaptado a partir de www.cm-lisboa.pt/.../publicacoes-digitais/Toponimia/ Toponimia_lx_Alberto_Jose__Pessoa.pdf, toponimialisboa.wordpress.com/2014/07/10/ a-lisboa-de-alberto-jose-pessoa/ e de pt.wikipedia.org/wiki/Alberto_Pessoa

Conjunto urbano da Avenida Infante Santo, Lisboa (1955)


PEDRO CID (1925-1983)

Pedro Anselmo Braamcamp Freire Cid nasceu a 19 de Janeiro de 1925 em Lisboa. Em 1948 participou, enquanto estudante de arquitectura, no 1º Congresso Nacional de Arquitetura, promovido pelo Sindicato Nacional dos Arquitectos. Formou-se em Arquitectura em 1952 na Escola de Belas-Artes de Lisboa.

Colabora em diversos projectos de habitação colectiva, entre os quais o da Avenida Estados Unidos da América em Lisboa, com Manuel Lajinha e João Vasconcelos Esteves, com o qual obteve o Prémio Municipal de 1956 e que constitui um dos primeiros exemplos de aplicação das teorias do CIAM ao traçado urbano de Lisboa.

Vence o concurso para o Pavilhão Português na Exposição Universal de Bruxelas em 1958. Com os arquitectos Alberto Pessoa e Ruy Athouguia forma o grupo autor do projecto da Fundação Calouste Gulbenkian (1961–69), escolhido em concurso por convites, vencendo às equipas formadas por Arménio Losa, com Formosinho Sanches e Pádua Ramos, e a composta por Frederico George, Manuel Lajinha e Arnaldo Araújo.

Ao longo da sua vida trabalhou com vários colegas, para além dos já referidos, com Celestino de Castro, Eduardo Anahory, Fernando Torres e Daciano Costa.

A 31 de Outubro de 1969 foi feito Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada. Foi distinguido com o Prémio Valmor de 1975 pelo edifício da Fundação Calouste Gulbenkian.

A partir de 1975 ingressou no Ministério da Administração Interna, participando no lançamento dos Gabinetes de Apoio Técnico (GAT), e em 1978 assumiu a direcção do GAT de Montemor-o-Novo, situação que marcaria o reencontro com o território alentejano e com a arquitectura popular.

Faleceu em Lisboa, em 1983.

Adaptado de Dicionário de Arquitectos Activos em Portugal, do século I à actualidade, José Manuel Pedreirinho, Edições Afrontamento, 1994 e Arquitectura do Século XX: Portugal, org. Annette Beccker, Ana Tostões e Wilfried Wang, Centro Cultural de Belém, 1997

Pavilhão Português na Exposição Universal de Bruxelas (1958)


RUY JERVIS D'ATHOUGUIA (1917-2006)

Ruy de Sequeira Manso Gomes Palma Jervis d'Athouguia Ferreira Pinto Basto nasceu em Macau a 1 de Janeiro de 1917, filho de Manuel Jervis de Athouguia Ferreira Pinto Basto, oficial da marinha de ascendência Inglesa, e de sua mulher Emília de Sequeira Manso Gomes Palma.

Após a morte prematura do pai, a mãe resolve voltar para Portugal fazendo a viagem pelo Oceano Pacífico, passando pelo Hawai e pelos Estados Unidos. Em Lisboa, frequenta o Colégio Militar entre 1927 e 1936.

Ingressa na Escola de Belas-Artes de Lisboa, mas sai em 1940 por reprovar várias vezes na cadeira de Desenho Arquitectónico, e vai para a Escola de Belas-Artes do Porto, onde faz os dois primeiros anos num só, com as médias de 17 e 18 valores, e onde encontra o mestre Carlos Ramos.

Conclui o curso em 1944, ano em que regressa a Lisboa e inicia a actividade profissional no gabinete de Veloso Reis Camelo, primeiro, e depois com Filipe Nobre Figueiredo e Jorge Segurado, onde reencontra e retoma uma amizade e relação de trabalho com Sebastião Formosinho Sanchez. Em 1948 apresenta finalmente a prova de CODA, na qual obtém a classificação de 18 valores.

Trabalha em profissão liberal, destacando-se entre as primeiras obras, os projectos para o Cine-Teatro de São Pedro em Abrantes (1949), a Casa Maria Amélia Burnay (1949-51) e a Escola do Bairro de São Miguel em Lisboa (1949-53).

Desenvolve vários projectos de habitação colectiva, entre os quais, em colaboração com Sebastião Formosinho Sanchez, o bairro S. João de Deus (bairro das estacas - célula VIII do bairro de Alvalade) (1949-54), pelo qual é distinguido com o Prémio Municipal de Arquitectura de 1955 e com uma das duas únicas menções honrosas no sector da habitação colectiva no âmbito da Exposição Internacional de Arquitectura da Bienal de S. Paulo, no Brasil.

Conhece um período de significativa divulgação internacional do seu trabalho, em revistas como a Bauen+Wohen, da Suiça, a Innendkoration/Architektur und Wohnform, da Áustria, ou na francesa L'Architecture d'Aujourd'hui.

Realiza projectos de moradias, entre as quais a sua (1951-53), a Casa Sande e Castro (1954-56) e a Casa Pinto da Costa (1957-60), todas em Cascais, e os projectos da Escola do Bairro S. João de Deus (1952-56) e do Liceu Padre António Vieira (1959-63).

Entre os edifícios de habitação colectiva e de escritórios destacam-se o Edifício Residencial Lote 1, a poente da célula VIII do bairro de Alvalade, em conjunto com o arquitecto Formosinho Sanchez (1957-59), o bairro da Federação das Caixas de Previdência em Cascais (1959-60), a Torre do Infante em Cascais (1960-65), e os edifícios da Praça de Alvalade, em colaboração com o arquitecto Fernando Silva (1960-66).

Nos anos 1950s foi arquitecto da Câmara Municipal de Cascais durante quatro anos. Nos anos 1960s foi consultor urbanista da Câmara Municipal do Montijo e nos anos 1970s da Câmara Municipal de Beja. Foi também durante cerca de ano e meio director do gabinete técnico da Habitat, em Algés.

Com os arquitectos Alberto Pessoa e Pedro Cid forma o grupo autor do projecto da Fundação Calouste Gulbenkian (1961–69), escolhido em concurso por convites, vencendo às equipas formadas por Arménio Losa, com Formosinho Sanches e Pádua Ramos, e a composta por Frederico George, Manuel Lajinha e Arnaldo Araújo.

Com Alberto Pessoa e Luís Pessoa, desenha o arranjo urbanístico para a Praça de Espanha, o programa-base do Centro de Congressos de Lisboa e o arranjo urbanístico da faixa marginal entre a Torre de Belém e a Cordoaria, com vista à implantação do Centro de Congressos e de um complexo hoteleiro de apoio, para além do edifício-sede do Metropolitano de Lisboa, em Palhavã.

A 31 de Outubro de 1969 foi feito Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada. Foi ainda distinguido com o Prémio de Arquitectura da Secção Portuguesa da Associação Internacional de Críticos de Arte em 2005.

Faleceu em 21 de Julho de 2006, em Lisboa.

Adaptado de Ruy d'Athouguia, Graça Correia, Verso da Hitória, 2013, www.vilautopia.com/pdf/ruy-dathouguia-ac.pdf e de pt.wikipedia.org/wiki/ Rui_Jervis_Atouguia

Casa Sande e Castro, Cascais (1956)

Informações sobre o documentário aqui.

Apoio:
Município de Castelo Branco

PROGRAMA:

12 de Janeiro, 19h00
Biblioteca Municipal de Castelo Branco
Sede e Museu da Fundação Calouste Gulbenkian
ALBERTO PESSOA, PEDRO CID
e RUY ATHOUGUIA
(1995, Edgar Feldman, 24'+26')

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