O controverso arquitecto português RAUL LINO é o tema da vigésima quinta sessão PROJECTAR que volta a realizar-se em ABRANTES, na próxima quinta-feira, dia 23 de Outubro, pelas 19h00, no auditório da sede desta Delegação da Ordem dos Arquitectos.
RAUL LINO (Lisboa, 1879-1974)
Estudou na sua juventude em Inglaterra, indo posteriormente para Hannover, onde estuda Arquitectura e trabalha até 1897 com Albrecht Haupt, uma arquitecto conhecedor da arquitectura do Renascimento em Portugal. A sua formação alemã tornou-o num dos poucos arquitectos da sua geração não afectados pelos modelos beaux-arts parisienses, transportando consigo um conjunto de preocupações culturalistas, distantes do formalismo histórico-progressivo. A sua obra inicial revela uma intuição espacial raramente vista na arquitectura portuguesa, patente sobretudo na sua Casa do Cipreste, onde explora com notável sensibilidade o acidentado terreno, integrando arquitectura e natureza, paisagem e espaço.
A formação cultural, feita num meio onde as ideias de John Ruskin, William Morris e Camilo Sitte então circulavam, leva-o a viajar por Portugal e pelo Norte de África, onde recolhe sistematicamente elementos sobre a arquitectura, que cedo começam a fazer-se notar nas suas obras, ricas de recolhimento. A sua visão da arquitectura portuguesa é a um tempo marcada por um romantismo nacionalista e por um realismo cultural e construtivo, contribuindo para que a partir de 1920 inicie uma espécie de campanha em favor de uma definição da «casa portuguesa». A sua intenção era a de fornecer um conjunto de princípios culturalmente sustentados , mas esses estão sobretudo patentes nas suas obras até 1920. A tentação de fixar por escrito as suas doutrinas e princípios resulta já em modelos que seriam defendidos ou atacados pelos arquitectos, enquanto as suas obras ganhavam em unidade e depuração, aquilo que perdiam em riqueza. Homem de grande cultura, tornou-se ao longo da sua vida num acérrimo opositor da arquitectura moderna e dos valores maquinistas por ela transportados.
As suas ligações políticas e os cargos institucionais que ocupou, deram-lhe a oportunidade de exercer uma autêntica censura aos novos valores da arquitectura do século XX, que sempre recusou liminarmente. A sua vertente de doutrinador ficou registada em duas centenas de artigos, cinco livros e quatro ensaios.
Obras principais: Casa Monsalvat (Monte Estoril, 1901); Casa Rey Colaço (Estoril, 1902); Casa dos Patudos (Alpiarça, 1904); Casa do Cipreste (Sintra, 1907-1911); Jardim-Escola João de Deus (Lisboa, 1914); Casa dos Penedos (Sintra, 1922); Cinema Tivoli (Lisboa, 1924); Casa António Sérgio (Lisboa, 1925).
in Arquitectura do Século XX - Portugal (Deutsches Architektur-Museum / Prestel, Frankfurt, München, Lisboa, 1998)
RAUL LINO (Lisboa, 1879-1974)
Estudou na sua juventude em Inglaterra, indo posteriormente para Hannover, onde estuda Arquitectura e trabalha até 1897 com Albrecht Haupt, uma arquitecto conhecedor da arquitectura do Renascimento em Portugal. A sua formação alemã tornou-o num dos poucos arquitectos da sua geração não afectados pelos modelos beaux-arts parisienses, transportando consigo um conjunto de preocupações culturalistas, distantes do formalismo histórico-progressivo. A sua obra inicial revela uma intuição espacial raramente vista na arquitectura portuguesa, patente sobretudo na sua Casa do Cipreste, onde explora com notável sensibilidade o acidentado terreno, integrando arquitectura e natureza, paisagem e espaço.
A formação cultural, feita num meio onde as ideias de John Ruskin, William Morris e Camilo Sitte então circulavam, leva-o a viajar por Portugal e pelo Norte de África, onde recolhe sistematicamente elementos sobre a arquitectura, que cedo começam a fazer-se notar nas suas obras, ricas de recolhimento. A sua visão da arquitectura portuguesa é a um tempo marcada por um romantismo nacionalista e por um realismo cultural e construtivo, contribuindo para que a partir de 1920 inicie uma espécie de campanha em favor de uma definição da «casa portuguesa». A sua intenção era a de fornecer um conjunto de princípios culturalmente sustentados , mas esses estão sobretudo patentes nas suas obras até 1920. A tentação de fixar por escrito as suas doutrinas e princípios resulta já em modelos que seriam defendidos ou atacados pelos arquitectos, enquanto as suas obras ganhavam em unidade e depuração, aquilo que perdiam em riqueza. Homem de grande cultura, tornou-se ao longo da sua vida num acérrimo opositor da arquitectura moderna e dos valores maquinistas por ela transportados.
As suas ligações políticas e os cargos institucionais que ocupou, deram-lhe a oportunidade de exercer uma autêntica censura aos novos valores da arquitectura do século XX, que sempre recusou liminarmente. A sua vertente de doutrinador ficou registada em duas centenas de artigos, cinco livros e quatro ensaios.
Obras principais: Casa Monsalvat (Monte Estoril, 1901); Casa Rey Colaço (Estoril, 1902); Casa dos Patudos (Alpiarça, 1904); Casa do Cipreste (Sintra, 1907-1911); Jardim-Escola João de Deus (Lisboa, 1914); Casa dos Penedos (Sintra, 1922); Cinema Tivoli (Lisboa, 1924); Casa António Sérgio (Lisboa, 1925).
in Arquitectura do Século XX - Portugal (Deutsches Architektur-Museum / Prestel, Frankfurt, München, Lisboa, 1998)
Informações sobre o documentário aqui.
Mapa de localização do local onde decorrerá a sessão aqui.
Apoio:
Município de Abrantes
PROGRAMA:
23 de Outubro, 19h00
Auditório da sede da Delegação de Abrantes da Ordem dos Arquitectos, Abrantes
RAUL LINO, Livre como o Cipreste
(1999, António Silva e Cristina Antunes, 67')
20 de Novembro, 19h00
Estúdio 121, Entroncamento
PETER ZUMTHOR, A Obstinação do Belo
(2000, Ursula Böhm, 58')
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