quarta-feira, 13 de setembro de 2017

ARQUITECTURA AO CENTRO #14



CASA VARATOJO
TORRES VEDRAS, TORRES VEDRAS

Filipe Vogt Rodrigues, Inês Maia Vicente e Marta Mateus Frazão
André Almeida, António Cotrim
Atelier Data
2013

A casa Varatojo localiza-se numa colina a este da cidade de Torres Vedras, Portugal. Implantada num lote de configuração poligonal e atendendo simultaneamente à exposição solar (norte/sul) e orientação do vento predominante do Norte, a estratégia de desenho passou por considerar os seguintes aspectos:
:: Exploração da relação entre construção e paisagem, tirando partido da posição sobranceira do lote em relação à cidade de Torres Vedras, seu Castelo e imediações;
:: Promoção das relações de complementaridade e interdependência entre a casa e o jardim, criando intensas relações visuais entre o interior e o exterior;
:: Criação de relações de transversalidade entre o lado norte - (vista) e o lado sul - (espaço de estar abrigado), através principalmente do “espaço piscina” no piso -1 e da modelação do terreno no Jardim;
:: Reutilização de materiais numa lógica distinta ao uso tradicional, de que são exemplo as sulipas (antigas linhas de caminho de ferro) introduzindo um certo experimentalismo e novidade na forma como estes se aplicam e reciclam;
:: Selecção de vegetação autóctone para a caracterização do jardim, criando um sistema ecológico integrado na Paisagem da Região.

Conceito

A volumetria da casa resulta de um gesto em espiral cujo desenho tira partido da configuração do lote.
Optou-se pela construção de um limite, uma espécie de linha que ganha progressivamente corpo e espessura para alojar o programa de habitação.
Este gesto inicia-se com a rampa de acesso ao lote e culmina no lado oposto com a edificação alcançando dois pisos, reforçando-se também a partir do perfil da casa o gesto em espiral.
A estratégia de desenho adotada permitiu criar um espaço de estar a sul, abrigado dos fortes ventos da região, precipitando igualmente a construção sobre a paisagem a norte.

Programa

Do ponto de vista funcional, o programa distribui-se em três pisos. O piso 0 centraliza a maior parte do programa. Nele localizam-se as áreas sociais - cozinha, sala de estar e jantar - entendidos como um único espaço aberto e continuo, reforçado pelo plano da cobertura. Ainda neste piso localiza-se a zona dos quartos (de acesso mais restrito) - quarto de visitas e quartos das crianças onde uma sala comum destinada à brincadeira e ao estudo faz a mediação entre estes dois espaços.
No piso 1 localiza-se o quarto principal rematado a norte por uma profunda varanda que se precipita sobre a cidade de Torres Vedras, e a sul por um jardim que é pano de fundo da casa de banho. Ainda neste piso e aproveitando a inclinação da cobertura, localiza-se uma biblioteca / zona de trabalho que é mezanino sobre a sala de estar e jantar.
No piso -1 a piscina é o espaço central através do qual se promovem as relações de atravessamento entre o lado norte e sul, entre a vista e o jardim, reflectindo-se sobre o espelho de água a envolvente exterior.

Materialidade

Optou-se por um lado pelo uso de materiais e revestimentos tradicionais, como materiais cimentícios, reboco, madeira e cortiça, e por outro considerou-se o reuso das tábuas de madeira numa lógica distinta do seu uso convencional, introduzindo uma certa inovação e experimentação na procura de novas possibilidades de aplicação de materiais.

Vegetação: Plasticidade e Elasticidade

Define-se um pequeno bosque de Quercus faginea subssp.broteroi (Carvalho-português). A escolha dominante de vegetação autóctone para o jardim (arbórea, arbustiva e herbácea) permite respeitar as características edafoclimáticas do lugar, criando um sistema ecológico integrado na Paisagem da Região (Genius loci).
Na encosta do lado norte, formações subarbustivas e arbustivas – os matos, neste caso designados de Carrascais, aparecem num substrato calcário. Expostos ao vento, os carrascais amoitados têm como principais intervenientes o carrasco (Quercus coccifera) e a aroeira (Pistacia lentiscus) que se associam a diversas espécies tais como: o sanguinho das sebes (Rhamnus alaternus); o trovisco (Daphne gnidium); a estevinha (Cistus salvifolius); o tojo-gatunha (Ulex densus); a salsaparrilha-do-reino (Smilax aspera) e a madressilva-caprina (Lonicera etrusca). No lado sul abrigado, surge o Carvalho-português; os arbustos-arborescentes como o folhado (Viburnum tinus); o pilriteiro (Crataegus monogyna); o loureiro (Laurus nobilis) e no estrato herbáceo as folhas- de-Acanto (Acanthus mollis) e os lírios amarelos (Iris pseudacorus).

site: atelierdata.com

ver mais sobre o projecto:
archdaily.com
archdaily.com.br
archello.com
archilovers.com
dezeen.com
homify.pt
inhabitat.com
noticiasarquitectura.info
plataformaarquitectura.cl

Sem comentários:

Enviar um comentário