PALHEIROS DE SÃO DÂMASO
OFICINAS DE ARQUEOLOGIA E RESIDÊNCIA DE ESTUDANTES
IDANHA-A-NOVA, IDANHA-A-VELHA
Alexandre Alves Costa e Sérgio Fernandez
Atelier 15
1999
A necessidade de se montar uma estrutura de apoio aos trabalhos arqueológicos levou a Câmara Municipal a programar a reutilização de um grupo de palheiros situados na Rua de São Dâmaso, aparentemente implantados do lado exterior da muralha, não visível nesse local. Deveria, ainda, prever-se, para além dos espaços laboratoriais, a existência de um dormitório, uma pequena cozinha, zona de estar, instalações sanitárias e banho. O levantamento fornecido permitiu avaliar da viabilidade do programa proposto para o local.
Nesta perspectiva, foram iniciados os trabalhos de pesquisa arqueológica que vieram a determinar alterações de fundo na situação de partida, tornando o projecto muito mais complexo mas, também, muito mais rico de implicações formais e de conteúdo. De facto, o aparecimento, no interior dos palheiros, da base da muralha romana, incluindo um torreão semicircular, uma área do seu extradorso mostrando um belíssimo aparelho e, ainda, vestígios de outras construções e enterramentos, provocaram uma drástica reconsideração do projecto que se tinha afigurado de resolução muito simples.
Apesar de se considerar que a maior parte dos vestígios poderiam ser de novo encobertos, mantendo-se a área a que correspondem como área utilizável, a superfície da muralha romana que, essa sim, deveria ficar aparente, corresponde a uma importante parcela a subtrair à área total.
A ideia do projecto baseou-se na tentativa de formalizar duas intenções que, sem serem contraditórias, deveriam manter alguma autonomia. A primeira foi a de restaurar a imagem exterior dos palheiros, mantendo a sua modulação interna através das paredes transversais que os separam. A imagem global destes palheiros é uma imagem serena, com continuidade a norte e a sul, apenas com pequenas variações de escala, correspondente a um uso de infra-estrutura rural que manteve durante muitos anos e que, ainda, corresponde ao carácter dominante da aldeia. A segunda é, não só manter visível a base da muralha, como figurar no seu exterior o seu volume, a sua escala, o seu desenho. Prolongando virtualmente a muralha, até ao limite previsível da sua altura, revestida de cobre, bem distinto da pedra, dando dela como que uma imagem cenográfica, nunca confundível com um restauro que mimetizasse a sua construção primitiva. Visível por dentro, a continuidade da base da muralha vai obrigar a abrir as paredes que separaram as diversas unidades dos palheiros, permitindo a comunicação interior, sem destruir completamente a prévia sectorização dos espaços.
O programa proposto inicialmente veio a ser ligeiramente comprimido, dada a exiguidade de área disponível, apesar da ocupação, em piso, correspondente ao “interior da muralha”. Assim, no rés-do-chão, foi possível criar quatro espaços laboratoriais. A porta do extremo sul do conjunto dos palheiros, assinalada por alguns degraus que estabelecem a ligação directa entre o exterior e a cota da muralha, constitui o acesso, por escada, ao andar de cima. Este, cuja área corresponde à projecção da base da muralha e desenha exteriormente a sua volumetria, será ocupado pelo programa residencial. O pavimento deste piso tem um rasgo, com correspondência na cobertura, que permite uma entrada de luz zenital que incidirá privilegiadamente sobre a base romana, enfatizando a sua forma e a textura dos materiais que a constituem.
A cobertura será visitável pelo exterior, como remate de um passeio pedestre de visita à aldeia. Daqui se desfruta de uma interessante panorâmica sobre o Rio Ponsul e a sua ponte romana, bem como sobre um vasto território da outra margem.
Foi gratificante terem-se encontrado, posteriormente, imagens semelhantes à desejada em construções realizadas em Lugo ou Leon. Imagens que, certamente, estariam subconscientemente memorizadas e que, mais do que confirmação posterior, devem ter estado na própria origem da ideia.
Nesta perspectiva, foram iniciados os trabalhos de pesquisa arqueológica que vieram a determinar alterações de fundo na situação de partida, tornando o projecto muito mais complexo mas, também, muito mais rico de implicações formais e de conteúdo. De facto, o aparecimento, no interior dos palheiros, da base da muralha romana, incluindo um torreão semicircular, uma área do seu extradorso mostrando um belíssimo aparelho e, ainda, vestígios de outras construções e enterramentos, provocaram uma drástica reconsideração do projecto que se tinha afigurado de resolução muito simples.
Apesar de se considerar que a maior parte dos vestígios poderiam ser de novo encobertos, mantendo-se a área a que correspondem como área utilizável, a superfície da muralha romana que, essa sim, deveria ficar aparente, corresponde a uma importante parcela a subtrair à área total.
A ideia do projecto baseou-se na tentativa de formalizar duas intenções que, sem serem contraditórias, deveriam manter alguma autonomia. A primeira foi a de restaurar a imagem exterior dos palheiros, mantendo a sua modulação interna através das paredes transversais que os separam. A imagem global destes palheiros é uma imagem serena, com continuidade a norte e a sul, apenas com pequenas variações de escala, correspondente a um uso de infra-estrutura rural que manteve durante muitos anos e que, ainda, corresponde ao carácter dominante da aldeia. A segunda é, não só manter visível a base da muralha, como figurar no seu exterior o seu volume, a sua escala, o seu desenho. Prolongando virtualmente a muralha, até ao limite previsível da sua altura, revestida de cobre, bem distinto da pedra, dando dela como que uma imagem cenográfica, nunca confundível com um restauro que mimetizasse a sua construção primitiva. Visível por dentro, a continuidade da base da muralha vai obrigar a abrir as paredes que separaram as diversas unidades dos palheiros, permitindo a comunicação interior, sem destruir completamente a prévia sectorização dos espaços.
O programa proposto inicialmente veio a ser ligeiramente comprimido, dada a exiguidade de área disponível, apesar da ocupação, em piso, correspondente ao “interior da muralha”. Assim, no rés-do-chão, foi possível criar quatro espaços laboratoriais. A porta do extremo sul do conjunto dos palheiros, assinalada por alguns degraus que estabelecem a ligação directa entre o exterior e a cota da muralha, constitui o acesso, por escada, ao andar de cima. Este, cuja área corresponde à projecção da base da muralha e desenha exteriormente a sua volumetria, será ocupado pelo programa residencial. O pavimento deste piso tem um rasgo, com correspondência na cobertura, que permite uma entrada de luz zenital que incidirá privilegiadamente sobre a base romana, enfatizando a sua forma e a textura dos materiais que a constituem.
A cobertura será visitável pelo exterior, como remate de um passeio pedestre de visita à aldeia. Daqui se desfruta de uma interessante panorâmica sobre o Rio Ponsul e a sua ponte romana, bem como sobre um vasto território da outra margem.
Foi gratificante terem-se encontrado, posteriormente, imagens semelhantes à desejada em construções realizadas em Lugo ou Leon. Imagens que, certamente, estariam subconscientemente memorizadas e que, mais do que confirmação posterior, devem ter estado na própria origem da ideia.
site: ---
ver mais sobre o projecto:
estudogeral.sib.uc.pt
guiasdearquitectura.com
patrimoniocultural.gov.pt
ultimasreportagens.com
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