sábado, 11 de novembro de 2017

PROJECTAR COM RAFAEL MONEO




A abrir a próxima sessão dupla da actividade PROJECTAR teremos um documentário sobre Álvaro Siza, pela quarta vez nestas sessões e cuja biografia pode ser consultada aqui, seguindo-se um sobre o arquitecto espanhol Rafael Moneo, que terá lugar no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Ferreira do Zêzere no dia 16 de Novembro, pelas 19h00.

RAFAEL MONEO (1937- )

José Rafael Moneo Vallés nasceu em Tudela, Navarra, em 9 de Maio de 1937. A sua mãe, Teresa, era filha de um magistrado de Aragão, e o seu pai, Rafael, cuja família tinha raízes em Tudela, era engenheiro industrial. Tem uma irmã, Teresa, que estudou filosofia e literatura e um irmão mais novo, Mariano, que estudou engenharia. Depois de uma primeira atracção pela filosofia e pela pintura, Rafael inclinou-se para a arquitectura influenciado pelo interesse do seu pai na matéria.

Em 1954 deixou a família, com algum sacrifício, para ir estudar para Madrid, na Escola Técnica Superior de Arquitectura, onde concluiu o curso de arquitectura em 1961, do qual destaca a influência do professor de história da arquitectura Leopoldo Torres Balbás. Durante os seus estudos, colaborou em vários projectos com o arquitecto Francisco Javier Sáenz de Oiza.

Recém formado, partiu para Hellebaeck, na Dinamarca, para trabalhar com Jørn Utzon, que estava nessa altura a trabalhar no projecto da Ópera de Sydney, Australia. Antes de regressar a Espanha em 1962, viajou pelos países escandinavos onde teve a afortunada oportunidade de ser recebido por Alvar Aalto em Helsinquia.

Uma vez em Madrid, ganhou uma bolsa de estudos na Academia Espanhola em Roma, para aí passar dois anos, que conseguiu conciliar com a sua lua-de-mel com Belén Feduchi, filha do arquitecto Luis Feduchi. Este período foi de fundamental importância na carreira de Moneo, pelo impacto que a cidade de Roma teve na sua educação como arquitecto e pela oportunidade de contacto com importantes arquitectos italianos como Paolo Portoghesi, Bruno Zevi e Manfredo Tafuri.

Quando regressaram a Madrid em 1965 instalaram-se numa casa-estúdio no bairro de El Viso, onde tiveram a sua primeira filha, Belén. Nesse ano obteve a sua primeira encomenda importante, a construção da Fábrica Diestre em Saragoça. No ano seguinte começou a leccionar (e até 1970) como professor adjunto na Escola de Arquitectura da Universidade de Madrid, e a publicar artigos sobre arquitectura.

Em 1968, recebeu a sua segunda encomenda importante, o Projecto Urumea (1969-1973), um edifício de apartamentos em San Sebastián. Foi o ano em que teve também a sua segunda filha, Teresa. A sua terceira filha, Clara Matilde, viria a nascer em 1975. Foi ainda nesta altura que, com um grupo de arquitectos, fundou a revista Arquitectura Bis onde publicou muitos dos seus textos.

Leccionou na Escola Técnica Superior de Arquitectura de Barcelona a cadeira de Elementos de Composição de 1971 a 1980, voltando nesse ano a dar aulas em Madrid a cadeira de Composição, cargo que ocupou até 1985. Nesta altura recebe a encomenda para projectar um importante edifício a construir em Madrid, a ampliação da sede do Bankinter (1973-1976) em colaboração com o arquitecto Ramón Bescós, no Paseo de la Castellana, logo seguida do projecto para os Paços do Concelho de Logronho (1973-1981).

Em 1976 foi convidado como professor visitante por um ano no Institute for Architecture and Urban Studies e na Cooper Union School of Architecture, ambas em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Nos anos seguintes deu aulas também em Princeton e Harvard e no departamento de Arquitectura da Escola Politécnica Federal de Lausana (Suiça).

O princípios dos anos 80 ficam marcados por dois projectos em particular, o do Museu de Arte Romana (1980-1986), em Mérida, pelo qual recebeu o Prémio da I Bienal Espanhola de Arquitectura e Urbanismo, e o da sede da Previsión Española (1982-1987), em Sevilha.

Em 1984 foi nomeado director do departamento de arquitectura da Harvard University Graduate School of Design, cargo que ocupou até 1990, período em que se mudou com a família para Cambridge. Durante este período viajou regularmente para Espanha, para desenvolver o projecto para a Estação de Comboios de Atocha (1985-88), em Madrid, que ganhou em concurso.

Embora desejasse prolongar a sua permanência em Harvard, Rafael Moneo voltou para Madrid para dar resposta à quantidade de projectos que surgiram para a celebração de Espanha'92, sendo eles: o novo terminal do Aeroporto San Pablo (1989-92), em Sevilha; a remodelação do Palácio Villahermosa para abrigar a colecção de arte Thyssen-Bornemisza (1992), em Madrid; e o edifício L'illa Diagonal (1986-93) em colaboração com o arquitecto Manuel de Solà-Morales, em Barcelona.

Reinstalado em Madrid, Rafael Moneo transferiu o seu escritório da sua casa para um edifício próximo, para melhor poder desenvolver todos aqueles projectos, a que se juntaram a Sala de Concertos e Centro Cultural Kursaal (1990-99), em San Sebastián, e o Museu de Arte Moderna e Centro de Arquitectura e Design da Suécia (1991-98) em Estocolmo, ambos resultantes de concursos que venceu. Destaque ainda para a Fundação Pilar y Joan Miró (1987-1992), em Palma de Mallorca.

Seguem-se os projectos para os Paços do Concelho de Múrcia (1991-98), as Adegas Julián Chivite (1991-2002), em Estella, o refeitório do Mosteiro de Santa Maria de Guadalupe (1991-94), em Barcelona, o Edifício Audrey Jones Beck, Museu de Arte em Houston (1992-2000), o Centro Cultural Don Benito (1995-1998) em Badajoz, ou a Catedral de Nossa Senhora de Los Angeles (1996-2002), na Califórnia, E.U.A., ou ainda a Biblioteca da Universidade de Aremberg (1997-2002) em Lovaina, Bélgica.

Nos anos mais recentes destacam-se o Museu da Ciência em Valladolid (2001-2003) em colaboração com Enrique de Teresa, a ampliação do Museu do Prado (2001-2007), em Madrid, a Igreja de Iesu (2001-2011), em San Sebastián, a reabilitação e Museu do Teatro Romano de Cartagena (2008), a Nova Biblioteca da Universidade de Deusto (2009), em Bilbao, a Torre Puig (2010-2013) em Hospitalet de Llobregat, Barcelona, ou o Museu da Universidade de Navarra (2015), em Pamplona.

Entre os vários prémios com que foi agraciado, destacam-se o Prémio Pritzker e a Medalha de Ouro da União Internacional de Arquitectos (ambos em 1996), o Prêmio de Arquitectura Contemporânea Mies van der Rohe em 2001, a Medalha de Ouro do Royal Institute of British Architects (RIBA) em 2003, a Medalha de Ouro da Arquitectura do Consejo Superior de los Colegios de Arquitectos de España (CSCAE) em 2006, o Prémio Príncipe de Astúrias das Artes em 2012, o Prémio Nacional de Arquitectura de Espanha em 2015 e, este ano (2017), o Praemium Imperiale atribuído pela família imperial japonesa em nome da Associação de Artes do Japão.

Rafael Moneo é membro da American Academy of Arts and Sciences e da Accademia di San Luca di Roma. É Membro Honorário do American Institute of Architects e do Royal Institute of British Architects.

O seu trabalho tem sido exposto em várias cidade do mundo, como Chicago, Lugano, Madrid, Viena, Basileia, Estocolmo ou Helsíquia. A exposição retrospectiva intitulada Uma reflexão teórica a partir da profissão. Materiais de arquivo (1961-2013) organizada pela Fundação Barrié, esteve em Vigo em 2013-2014, passou por Lisboa no Centro Cultural de Belém em 2014, e esteve depois na Cidade do México, Hong Kong e Madrid.

Para além dos textos publicados nas revistas Oppositions, Lotus, e Arquitectura Bis, reunidos posteriormente em colectâneas, publicou também Inquietação Teórica e Estratégia Projectual, importante obra no campo do projecto arquitectónico no qual faz uma compilação de algumas das suas principais aulas em Harvard.


Museu de Arte Romana, Mérida


Informações sobre os documentários aqui.
Mapa de localização do local onde decorrerá a sessão aqui.

Apoio:
Município de Ferreira do Zêzere

PROGRAMA:

16 de Novembro, 19h00
Salão Nobre dos Paços do Concelho de Ferreira do Zêzere
ÁLVARO SIZA
Ordem no caos

(2003, Adolfo Dufour Andía, 30')
RAFAEL MONEO
Coragem e convicção

(2003, José Manuel Castillejo, 33')

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