A 56.ª edição da actividade PROJECTAR propõe a visita a dois museus em mais uma sessão dupla, ligados de algum modo a origens judaicas, um projectado por Frank Gehry, e o outro desenhado por Daniel Libeskind, e terá lugar no Auditório Municipal, em Belmonte, já no próximo dia 27 de Julho, pelas 19h00.
Ambos da série Architectures, o primeiro é dedicado ao Museu Guggenheim de Bilbao, e foi realizado por Julien Donada em 2004:
O museu Guggenheim de Bilbao é surpreendente. Construído no local de uma antiga fábrica de carpintaria, esta escultura gigante domina a cidade.
No fim da rua, ou na curva do rio, uma escultura mais alta que os prédios brilha ao sol ou debaixo de chuva.
O seu volume é à medida do local, do qual constitui o fulcro. A ponte da autoestrada atravessa o edifício; o rio banha as fundações. Ao mesmo tempo barroco e funcional, o volume do conjunto é um emaranhado de formas curvas, que se desdobram, fundem, elevando-se no céu, se estendem debaixo da ponte. Uma paisagem caótica à primeira vista, desfiladeiros, blocos suspensos. Uma composição animal.
O museu Guggenheim de Bilbao é surpreendente. Construído no local de uma antiga fábrica de carpintaria, esta escultura gigante domina a cidade.
No fim da rua, ou na curva do rio, uma escultura mais alta que os prédios brilha ao sol ou debaixo de chuva.
O seu volume é à medida do local, do qual constitui o fulcro. A ponte da autoestrada atravessa o edifício; o rio banha as fundações. Ao mesmo tempo barroco e funcional, o volume do conjunto é um emaranhado de formas curvas, que se desdobram, fundem, elevando-se no céu, se estendem debaixo da ponte. Uma paisagem caótica à primeira vista, desfiladeiros, blocos suspensos. Uma composição animal.
O segundo documentário sobre o Museu Judaico de Berlim, foi realizado por Stan Neumann e Richard Copans em 2002:
O edifício construído em Berlim entre 1993 e 1998 coloca imediatamente uma questão que a arquitectura não costuma abordar: a dos seus próprios limites.
Como pode a arquitectura construir onde tudo foi destruído? A resposta de Daniel Libeskind com o Museu Judaico, o primeiro edifício que ele construiu, é ao mesmo tempo literal e secreta. Ela é literal na forma exterior do edifício, um "gesto" expressionista, um ziguezague, uma extraordinária linha quebrada, que dobra todo o seu volume de uma ponta à outra do terreno e que encarna, para o arquitecto, toda a violência, todas as fracturas da história dos judeus na Alemanha. Ela é secreta porque, atrás desta peça de bravura plástica, esconde-se um outro edifício, um edifício fantasma com o qual o visitante não cessa de esbarrar sem nunca o compreender totalmente, ao longo de um percurso que joga com o desequilíbrio e uma perda de referências desestabilizante até à indisposição. Porque a visita ao Museu Judaico não é um agradável passeio museológico mas um trajecto que parece uma provação, cujos marcos se chamam a ronda do Holocausto, os jardins do Exílio, os Vazios. Estes Vazios são torres de betão, totalmente invisíveis do exterior, que atravessam o edifício a toda a sua altura. No coração do museu, invadido por uma colecção pletórica que evoca a longa história da presença judaica na Alemanha, eles encarnam a última fugura do judaísmo alemão, isto é, a ausência. E a recusa de qualquer nostalgia, de qualquer comentário. Nunca um edifício conseguiu encarnar a este ponto a contradição entre aquilo que deve ser dito e aquilo que nunca o poderá ser.
O edifício construído em Berlim entre 1993 e 1998 coloca imediatamente uma questão que a arquitectura não costuma abordar: a dos seus próprios limites.
Como pode a arquitectura construir onde tudo foi destruído? A resposta de Daniel Libeskind com o Museu Judaico, o primeiro edifício que ele construiu, é ao mesmo tempo literal e secreta. Ela é literal na forma exterior do edifício, um "gesto" expressionista, um ziguezague, uma extraordinária linha quebrada, que dobra todo o seu volume de uma ponta à outra do terreno e que encarna, para o arquitecto, toda a violência, todas as fracturas da história dos judeus na Alemanha. Ela é secreta porque, atrás desta peça de bravura plástica, esconde-se um outro edifício, um edifício fantasma com o qual o visitante não cessa de esbarrar sem nunca o compreender totalmente, ao longo de um percurso que joga com o desequilíbrio e uma perda de referências desestabilizante até à indisposição. Porque a visita ao Museu Judaico não é um agradável passeio museológico mas um trajecto que parece uma provação, cujos marcos se chamam a ronda do Holocausto, os jardins do Exílio, os Vazios. Estes Vazios são torres de betão, totalmente invisíveis do exterior, que atravessam o edifício a toda a sua altura. No coração do museu, invadido por uma colecção pletórica que evoca a longa história da presença judaica na Alemanha, eles encarnam a última fugura do judaísmo alemão, isto é, a ausência. E a recusa de qualquer nostalgia, de qualquer comentário. Nunca um edifício conseguiu encarnar a este ponto a contradição entre aquilo que deve ser dito e aquilo que nunca o poderá ser.
Com estas sessões propõe-se esta Delegação da Ordem dos Arquitectos exibir documentários de Arquitectura, como forma de divulgar a vida e obra de arquitectos com importância na história e teoria da arquitectura, nacional e internacional, de várias épocas e movimentos, e assim contribuir para o enriquecimento da cultura arquitectónica na nossa região.
Estas sessões destinam-se, para além dos arquitectos da região, a outros técnicos e a todas as pessoas com curiosidade e interesse nestes temas, sendo de acesso livre mas limitadas à lotação do Auditório Municipal, em Belmonte, que está disponível para o efeito.
Estas sessões destinam-se, para além dos arquitectos da região, a outros técnicos e a todas as pessoas com curiosidade e interesse nestes temas, sendo de acesso livre mas limitadas à lotação do Auditório Municipal, em Belmonte, que está disponível para o efeito.
Apoio:
Município de Belmonte
PROGRAMA:
27 de Julho, 19h00
Auditório Municipal, Belmonte
O Museu Guggenheim de Bilbao
FRANK GEHRY
(2004, Julien Donada, 24')
O Museu Judaico de Berlim
DANIEL LIBESKIND
(2002, Stan Neumann e Richard Copans, 27')
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