sexta-feira, 19 de junho de 2020

ARQUITECTURA AO CENTRO #251



CASA DE ISILDA E AIRES HENRIQUES
FIGUEIRÓ DOS VINHOS, VALE VICENTE

Tiago Mota Saraiva
com Andreia Salavessa, Paula Miranda, Marta Vieira, Cristina Romão, Mariana Robalo, Diana Amaral, Adriana Gil, Carolina Battle Y Font, Ana Rita Nunes, Raquel Coronel, Rita Rodrigues, Ana Catarino
Ateliermob
2018-2019

A 17 de Junho de 2017 um grande incêndio deflagrou em Pedrógão Grande e espalhou-se pela floresta até Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pêra, Sertã, Penela, Góis e Pampilhosa da Serra, afectando cerca de 500 casas (259 das quais eram primeiras habitações). 64 pessoas morreram ao tentar escapar dos incêndios.
Depois da tragédia, cidadãos e instituições fizeram donativos para ajudar à reconstrução das casas e vidas afectadas pelos incêndios. A Fundação Calouste Gulbenkian, responsável por um dos maiores fundos, contratou a Cooperativa Trabalhar com os 99% crl., para providenciar assistencia técnica no processo de reconstrução, no qual o ateliermob fez projecto para 7 casas.
Mais do que a simples reconstrução das casas perdidas, o objectivo principal foi o de melhorar as condições de vida destas comunidades, com uma atenção particular para o facto de, na sua maioria, se tratar de população envelhecida.
Casa da Isilda e Aires. A alta velocidade do incêndio apenas permitiu a este casal salvar as suas vidas e a do seu cão, escapando no seu pequeno carro, deixando para trás todos os seus pertences. A casa foi completamente destruída, com excepção da sala de estar, onde costumava haver infiltrações de água, como referido pelo casal na primeira conversa, quando nos pediram “uma casa onde não entrasse água”.
A estrutura do telhado, em madeira antiga não tratada, colapsou com o incêndio, demolindo o primeiro piso; as paredes de tijolo que restaram não garantiam a segurança da estrutura. Tornou-se claro que a casa antiga não podia ser recuperada, assim surgiram novas perspectivas: os moradores queriam uma casa de um só piso, uma vez que Isilda tinha crescentes dificuldades de mobilidade; fomos também confrontados com o facto de que o casal não conseguia interpretar desenhos de arquitectura, pelo que a discussão teve lugar por outros meios, com recurso a comparação com casas por eles conhecidas, como a do seu filho; por fim, Isilda desejava ter um jardim onde as suas flores pudessem, de novo, crescer.

site: ateliermob.com

ver mais sobre o projecto:
archdaily.com.br
espacodearquitetura.com

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