COTTINELLI TELMO (1897-1948)
José Ângelo Cottinelli Telmo nasceu a 13 de Novembro de 1897 em Lisboa, filho de Cristiano da Luz Telmo, tenor lírico, e de Cecília Cottinelli Telmo, professora de piano. De 1907 a 1914 frequenta o Liceu Central de Pedro Nunes, em Lisboa, onde conclui o Curso Geral dos Liceus (5.ª classe) e o Curso Complementar de Ciências (7.ª classe). Frequenta as aulas de desenho da Sociedade de Belas-Artes do Liceu de Pedro Nunes.
Em 1915 é admitido na Escola de Belas-Artes de Lisboa, onde conclui o Curso Especial de Arquitectura Civil em 1920. Neste período integra o projecto cinematográfico Lusitania Film, com Leitão de Barros, entre outros; participa, como bailarino, nos bailados de Almada Negreiros no Teatro de São Carlos e, também neste teatro, compõe música e dirige a orquestra na festa dos estudantes de Belas-Artes (1918).
Em 1920 cria a banda-desenhada (texto e desenhos) de As Aventuras Inacreditáveis (e com Razão) do Tio Pirilau que Vendia Balões, publicada no semanário ilustrado ABC, cujo sucesso motivou a criação da primeira revista infantil: ABCzinho, que dirigiu de 1921 a 1929, sendo responsável por grande parte do seu conteúdo; faz capas, textos, ilustrações, banda desenhada, (foi autor de páginas autónomas onde confluem texto e imagem, colaborando, em muitas outras, como argumentista, com artistas como Carlos Botelho).
Entre 1921 e 1922 colabora na Ilustração Portuguesa, dirigida por António Ferro, e realiza os seus primeiros projectos, como o Pavilhão de Física e Química do Liceu de Gil Vicente, em Lisboa, em coautoria com Luís da Cunha (demolido em 1945), e vence, com Carlos Ramos e Luís da Cunha, o concurso para a construção do Pavilhão de Honra de Portugal na Exposição Internacional do Rio de Janeiro, Brasil.
Em Abril de 1923 é admitido como Arquitecto na Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, para a qual irá realizar numerosos projectos, vários deles com Luís da Cunha e Vasco Palmeiro Regaleira. Em colaboração com o primeiro destacam-se a Escola Camões (1923-28), o bairro do mesmo nome, as casas e diversos equipamentos (1924-27) no Entroncamento, ou o Edifício de passageiros da Estação de Coimbra A / Edifício da Estação Nova (1923-31).
Com projecto seu, são realizados os edifícios de passageiros para o Apeadeiro de Alcântara-Mar, em Lisboa (1927-28), o da Estação de Tomar (1928-31), da Estação Fluvial de Sul e Sueste / Estação do Terreiro do Paço, em Lisboa (1928-32), da Estação do Carregado (1930-31) ou o Sanatório Ferroviário da Covilhã (anteprojecto 1927-28, projecto 1933-36).
Paralelamente à sua actividade na CP, realiza os projectos do Liceu Latino Coelho, em Lamego (1931-37), a formalização arquitetónica do estúdio Cinematográfico da SPFSTK (Tobis), em Lisboa, a partir do projecto de construção da autoria do engenheiro francês P. Richard (1932-34, demolido) e concorre aos concursos para o Monumento ao Infante D. Henrique, em Sagres (em colaboração com Bernardino Coelho, Rui Roque Gameiro e Albuquerque Bettencourt, 1934) e do melhoramento estético da Praça do Rossio, em Lisboa (1934), ambos não executados.
Em 1933 realizou e escreveu o argumento do filme “A Canção de Lisboa", a primeira longa-metragem sonora inteiramente rodada em Portugal, com um elenco que incluía Vasco Santana, Beatriz Costa e António Silva, e se tornou a matriz das chamadas “comédias à portuguesa”.
Em 1934 integra a Comissão das Construções Prisionais, onde trabalha em parceria com Rodrigues Lima e reporta directamente a Duarte Pacheco, o então ministro das Obras Públicas e Comunicações. Para aí elabora o projecto não executado para a Colónia Penal do Tarrafal, em Cabo Verde (1935-36), o projecto-tipo para cadeias comarcãs-tipo (1936-37), os projectos de adaptação e remodelação dos edifícios existentes da Colónia Penal de Alcoentre, Azambuja (1935-44), e das Cadeias Comarcãs de Alenquer (1936), de Fornos de Algodres (1936-37), de Alijó, Vila Real, e de Celorico da Beira (1937), de Arganil (1937-42) e de Oliveira de Azeméis (1938), e ainda o projecto da Prisão-Escola / Estabelecimento Prisional Especial de Leiria (1938-1940).
Para a CP, continua a projectar vários edifícios, como os armazéns de víveres para as estações do Cacém (1935-37, ampliação 1941), do Entroncamento (1935-39) - onde actualmente está instalado o Museu Nacional Ferroviário -, e para o Terminal do Barreiro (1935-45). Destaque também para as torres de sinalização e manobra ferroviária para as estações de Ermesinde (1935-37), de Pinhal Novo, Palmela (1936-38), do Rossio (1939), ou de Campolide, em Lisboa (1940).
A título particular também projectou algumas moradias e edifícios residenciais em Lisboa, como a Casa Pinto Osório na Rua Dr. António Cândido n.ºs 3-5 (1935-36), a Casa Valadas Fernandes, na Avenida do México n.ºs 3-5 (1937), o Edifício na Travessa do Abarracamento de Peniche n.º 7 / Casa dos Artistas (1939-42), a Casa Pereira Caldas na Avenida do Restelo, n.ºs 26-26A (1941-45), e o prédio de rendimento na Avenida da República, n.ºs 99 a 99D, (1946-51) cujo acompanhamento da execução da obra após a sua morte foi assegurado Carlos Ramos.
Em 1936 adere à Legião Portuguesa e compõe a música do hino da Mocidade Portuguesa. Em 1937-38 realiza três documentários de temática ferroviária: Máquinas e Maquinistas, Obras de Arte e Gente da Via. Cria algumas séries de selos postais como As Colónias Portuguesas (1936), Castelos Portugueses (1942), Grande Exposição Industrial Portuguesa (1947) e Exposição de Obras Públicas, Congressos de Engenharia e Arquitetura (1948).
De 1938 a 1940 integra a Comissão Organizadora das Comemorações dos Centenários, em parceria com Paulino Montez, Porfírio Pardal Monteiro e Raul Lino. Neste período e depois em 1942 foi director da revista oficial do Sindicato Nacional dos Arquitetos e é colunista de crítica de arte no jornal Acção (1941-42).
Em 1939 é nomeado arquitecto-chefe da Exposição do Mundo Português (1940), sendo coautor do plano geral da exposição, com Paulo Cunha e António Lino e autor dos seguintes projectos: Pavilhão dos Portugueses no Mundo (demolido em 1956), Padrão dos Descobrimentos, com a colaboração do escultor Leopoldo de Almeida (demolido em 1943 e reconstruído definitivamente em 1960, contrariamente à sua vontade, por ocasião das Comemorações do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique), Jardim da Praça do Império e da Fonte Luminosa (adaptação do projecto de Vasco Lacerda Marques), Porta da Fundação (segunda versão — demolido), Pavilhão dos Caminhos-de-Ferro e Portos (1940), com a colaboração de Paulo Cunha (demolido) e complementos diversos para a exposição (ogivas da Secção Histórica, baixos-relevos, elementos de iluminação, etc.).
Em vários projectos no âmbito da arquitectura na Exposição do Mundo Português, trabalha com: Cassiano Branco (largo fronteiro à entrada da Secção Colonial), Keil do Amaral (Parque de Atracções), Raul Lino e Jorge Segurado (núcleos das Aldeias Portuguesas), Cristino da Silva (Pavilhão de Honra e de Lisboa), Porfírio Pardal Monteiro (Pavilhão dos Descobrimentos), Carlos Ramos (Pavilhão da Colonização), Veloso Reis Camelo e João Simões (conjunto de pavilhões da Etnografia Metropolitana), António Lino (Parque Infantil e Jardim dos Poetas Líricos e Secção de Etnografia), Paulo Cunha (Teatro ao Ar Livre), Vasco Lacerda Marques (Porta da Restauração), Rodrigues Lima (Pavilhão da Fundação, Pavilhão da Formação e Conquista, Pavilhão da Independência), Gonçalo de Mello Breyner e Vasco Palmeiro Regaleira (Secção de Etnografia), Adelino Nunes (Pavilhão dos Correios e Telecomunicações); no âmbito da produção da Exposição do Mundo Português conta com a colaboração de uma equipa multidisciplinar constituída por: Gustavo de Matos Sequeira, Afonso Dornelas, Júlio Caiola, Norberto de Araújo, Pastor Macedo, Leitão de Barros, Fontoura da Costa, Quirino da Fonseca, Henrique Galvão.
Pelo êxito alcançado e pelo talento demonstrado, Cottinelli foi encarregado, nos anos imediatos, de um conjunto de outras intervenções emblemáticas: é nomeado Arquitecto-chefe da Comissão Administrativa do Plano de Obras da Cidade Universitária de Coimbra (1941-1948) (sendo substituído, após a sua morte, por Cristino da Silva), onde trabalha com Maximino Correia e ainda com Baltazar de Castro, que assistia à comissão enquanto arquitecto especializado em obras em monumentos nacionais, representando a Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais; e é autor do anteplano de Urbanização de Fátima, Ourém (1943), parcialmente construído a partir de 1948.
Entre 1941 e 1945, integra a Comissão Administrativa do Plano de Obras da Praça do Império e da Zona Marginal de Belém, o plano que ia transformar Belém numa área dedicada ao património, à cultura e ao lazer, onde trabalha em colaboração com Sá e Melo, com quem já havia trabalhado no Comissariado da Exposição do Mundo Português (comissário-adjunto) e na Comissão Administrativa do Plano de Obras da Cidade Universitária de Coimbra, e ainda com os jovens arquitetos Lucínio Cruz, Bernardim Fabião, Alberto José Pessoa, João Castilho e Edgar Duarte de Almeida (os mesmo que trabalham na Comissão Administrativa do Plano de Obras da Cidade Universitária de Coimbra).
Projecta mais algumas casas, em Oeiras, a Casa Zacarias Santana, na Avenida Miguel Bombarda (1941-42), em Cascais, a Casa de São Silvestre, na Avenida de Sabóia (1942), o “Casinhoto”, uma casa para a família em Sintra (1943-48) ou a casa do reitor da Universidade de Coimbra (1944).
Entre os projectos de desenho urbano destacam-se a Esplanada Dr. António da Silva Martins, em Abrantes (1941-42, demolida), a escadaria monumental para a Cidade Universitária de Coimbra (1943-50), o Plano Director de Urbanização de um bairro para sessenta casas desmontáveis (100 habitações) e projectos de casas-tipo, em Coimbra (1945) ou o jardim e monumento à memória do bispo D. Manuel de Portugal, em Lamego, em colaboração com Francisco Franco (1946-1948).
Entre os projectos que continua a elaborar para a CP, realizam-se o cais coberto para a Estação de Santa Apolónia, em Lisboa (1943) e os armazéns de víveres da Estação de Campanhã, no Porto (1943-45) e da Estação de Alfarelos, Soure (1945-47).
Realiza também projectos de instalações industriais para a Electro-Arco Lda. em Lisboa, Amadora e Lourenço Marques (Maputo) (1943), da Standard Elétrica, na Avenida da Índia em Lisboa (1944-48) e da Fábrica Barros Ld.ª na Avenida Infante D. Henrique em Lisboa (1947-52) sendo o acompanhamento da execução da obra assegurado por Veloso Reis Camelo a partir de 1948.
Em 1941 é nomeado, por Raul Lino, para vogal da Academia Nacional de Belas-Artes. Em 1941 é eleito Secretário da Direcção do Sindicato Nacional dos Arquitectos, sendo eleito presidente do mesmo em 1945, cargo que ocupa até Março de 1948, quando é derrotado pela lista encabeçada por Keil do Amaral (que é impedido de tomar posse do cargo por motivos de ordem política).
Assume a residência da Comissão Executiva do I Congresso Nacional de Arquitectura em 1947, assegurando a realização do primeiro Congresso desta classe profissional de 28 de Maio a 4 de Junho de 1948. Esta foi a sua última intervenção pública, antes do dramático acidente de pesca que o vitimou em 18 de Setembro de 1948.
Em 1961 é-lhe atribuída, a título póstumo, a Medalha de Ouro da Cidade de Lisboa, pela Câmara Municipal de Lisboa.
José Ângelo Cottinelli Telmo nasceu a 13 de Novembro de 1897 em Lisboa, filho de Cristiano da Luz Telmo, tenor lírico, e de Cecília Cottinelli Telmo, professora de piano. De 1907 a 1914 frequenta o Liceu Central de Pedro Nunes, em Lisboa, onde conclui o Curso Geral dos Liceus (5.ª classe) e o Curso Complementar de Ciências (7.ª classe). Frequenta as aulas de desenho da Sociedade de Belas-Artes do Liceu de Pedro Nunes.
Em 1915 é admitido na Escola de Belas-Artes de Lisboa, onde conclui o Curso Especial de Arquitectura Civil em 1920. Neste período integra o projecto cinematográfico Lusitania Film, com Leitão de Barros, entre outros; participa, como bailarino, nos bailados de Almada Negreiros no Teatro de São Carlos e, também neste teatro, compõe música e dirige a orquestra na festa dos estudantes de Belas-Artes (1918).
Em 1920 cria a banda-desenhada (texto e desenhos) de As Aventuras Inacreditáveis (e com Razão) do Tio Pirilau que Vendia Balões, publicada no semanário ilustrado ABC, cujo sucesso motivou a criação da primeira revista infantil: ABCzinho, que dirigiu de 1921 a 1929, sendo responsável por grande parte do seu conteúdo; faz capas, textos, ilustrações, banda desenhada, (foi autor de páginas autónomas onde confluem texto e imagem, colaborando, em muitas outras, como argumentista, com artistas como Carlos Botelho).
Entre 1921 e 1922 colabora na Ilustração Portuguesa, dirigida por António Ferro, e realiza os seus primeiros projectos, como o Pavilhão de Física e Química do Liceu de Gil Vicente, em Lisboa, em coautoria com Luís da Cunha (demolido em 1945), e vence, com Carlos Ramos e Luís da Cunha, o concurso para a construção do Pavilhão de Honra de Portugal na Exposição Internacional do Rio de Janeiro, Brasil.
Em Abril de 1923 é admitido como Arquitecto na Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, para a qual irá realizar numerosos projectos, vários deles com Luís da Cunha e Vasco Palmeiro Regaleira. Em colaboração com o primeiro destacam-se a Escola Camões (1923-28), o bairro do mesmo nome, as casas e diversos equipamentos (1924-27) no Entroncamento, ou o Edifício de passageiros da Estação de Coimbra A / Edifício da Estação Nova (1923-31).
Com projecto seu, são realizados os edifícios de passageiros para o Apeadeiro de Alcântara-Mar, em Lisboa (1927-28), o da Estação de Tomar (1928-31), da Estação Fluvial de Sul e Sueste / Estação do Terreiro do Paço, em Lisboa (1928-32), da Estação do Carregado (1930-31) ou o Sanatório Ferroviário da Covilhã (anteprojecto 1927-28, projecto 1933-36).
Paralelamente à sua actividade na CP, realiza os projectos do Liceu Latino Coelho, em Lamego (1931-37), a formalização arquitetónica do estúdio Cinematográfico da SPFSTK (Tobis), em Lisboa, a partir do projecto de construção da autoria do engenheiro francês P. Richard (1932-34, demolido) e concorre aos concursos para o Monumento ao Infante D. Henrique, em Sagres (em colaboração com Bernardino Coelho, Rui Roque Gameiro e Albuquerque Bettencourt, 1934) e do melhoramento estético da Praça do Rossio, em Lisboa (1934), ambos não executados.
Em 1933 realizou e escreveu o argumento do filme “A Canção de Lisboa", a primeira longa-metragem sonora inteiramente rodada em Portugal, com um elenco que incluía Vasco Santana, Beatriz Costa e António Silva, e se tornou a matriz das chamadas “comédias à portuguesa”.
Em 1934 integra a Comissão das Construções Prisionais, onde trabalha em parceria com Rodrigues Lima e reporta directamente a Duarte Pacheco, o então ministro das Obras Públicas e Comunicações. Para aí elabora o projecto não executado para a Colónia Penal do Tarrafal, em Cabo Verde (1935-36), o projecto-tipo para cadeias comarcãs-tipo (1936-37), os projectos de adaptação e remodelação dos edifícios existentes da Colónia Penal de Alcoentre, Azambuja (1935-44), e das Cadeias Comarcãs de Alenquer (1936), de Fornos de Algodres (1936-37), de Alijó, Vila Real, e de Celorico da Beira (1937), de Arganil (1937-42) e de Oliveira de Azeméis (1938), e ainda o projecto da Prisão-Escola / Estabelecimento Prisional Especial de Leiria (1938-1940).
Para a CP, continua a projectar vários edifícios, como os armazéns de víveres para as estações do Cacém (1935-37, ampliação 1941), do Entroncamento (1935-39) - onde actualmente está instalado o Museu Nacional Ferroviário -, e para o Terminal do Barreiro (1935-45). Destaque também para as torres de sinalização e manobra ferroviária para as estações de Ermesinde (1935-37), de Pinhal Novo, Palmela (1936-38), do Rossio (1939), ou de Campolide, em Lisboa (1940).
A título particular também projectou algumas moradias e edifícios residenciais em Lisboa, como a Casa Pinto Osório na Rua Dr. António Cândido n.ºs 3-5 (1935-36), a Casa Valadas Fernandes, na Avenida do México n.ºs 3-5 (1937), o Edifício na Travessa do Abarracamento de Peniche n.º 7 / Casa dos Artistas (1939-42), a Casa Pereira Caldas na Avenida do Restelo, n.ºs 26-26A (1941-45), e o prédio de rendimento na Avenida da República, n.ºs 99 a 99D, (1946-51) cujo acompanhamento da execução da obra após a sua morte foi assegurado Carlos Ramos.
Em 1936 adere à Legião Portuguesa e compõe a música do hino da Mocidade Portuguesa. Em 1937-38 realiza três documentários de temática ferroviária: Máquinas e Maquinistas, Obras de Arte e Gente da Via. Cria algumas séries de selos postais como As Colónias Portuguesas (1936), Castelos Portugueses (1942), Grande Exposição Industrial Portuguesa (1947) e Exposição de Obras Públicas, Congressos de Engenharia e Arquitetura (1948).
De 1938 a 1940 integra a Comissão Organizadora das Comemorações dos Centenários, em parceria com Paulino Montez, Porfírio Pardal Monteiro e Raul Lino. Neste período e depois em 1942 foi director da revista oficial do Sindicato Nacional dos Arquitetos e é colunista de crítica de arte no jornal Acção (1941-42).
Em 1939 é nomeado arquitecto-chefe da Exposição do Mundo Português (1940), sendo coautor do plano geral da exposição, com Paulo Cunha e António Lino e autor dos seguintes projectos: Pavilhão dos Portugueses no Mundo (demolido em 1956), Padrão dos Descobrimentos, com a colaboração do escultor Leopoldo de Almeida (demolido em 1943 e reconstruído definitivamente em 1960, contrariamente à sua vontade, por ocasião das Comemorações do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique), Jardim da Praça do Império e da Fonte Luminosa (adaptação do projecto de Vasco Lacerda Marques), Porta da Fundação (segunda versão — demolido), Pavilhão dos Caminhos-de-Ferro e Portos (1940), com a colaboração de Paulo Cunha (demolido) e complementos diversos para a exposição (ogivas da Secção Histórica, baixos-relevos, elementos de iluminação, etc.).
Em vários projectos no âmbito da arquitectura na Exposição do Mundo Português, trabalha com: Cassiano Branco (largo fronteiro à entrada da Secção Colonial), Keil do Amaral (Parque de Atracções), Raul Lino e Jorge Segurado (núcleos das Aldeias Portuguesas), Cristino da Silva (Pavilhão de Honra e de Lisboa), Porfírio Pardal Monteiro (Pavilhão dos Descobrimentos), Carlos Ramos (Pavilhão da Colonização), Veloso Reis Camelo e João Simões (conjunto de pavilhões da Etnografia Metropolitana), António Lino (Parque Infantil e Jardim dos Poetas Líricos e Secção de Etnografia), Paulo Cunha (Teatro ao Ar Livre), Vasco Lacerda Marques (Porta da Restauração), Rodrigues Lima (Pavilhão da Fundação, Pavilhão da Formação e Conquista, Pavilhão da Independência), Gonçalo de Mello Breyner e Vasco Palmeiro Regaleira (Secção de Etnografia), Adelino Nunes (Pavilhão dos Correios e Telecomunicações); no âmbito da produção da Exposição do Mundo Português conta com a colaboração de uma equipa multidisciplinar constituída por: Gustavo de Matos Sequeira, Afonso Dornelas, Júlio Caiola, Norberto de Araújo, Pastor Macedo, Leitão de Barros, Fontoura da Costa, Quirino da Fonseca, Henrique Galvão.
Pelo êxito alcançado e pelo talento demonstrado, Cottinelli foi encarregado, nos anos imediatos, de um conjunto de outras intervenções emblemáticas: é nomeado Arquitecto-chefe da Comissão Administrativa do Plano de Obras da Cidade Universitária de Coimbra (1941-1948) (sendo substituído, após a sua morte, por Cristino da Silva), onde trabalha com Maximino Correia e ainda com Baltazar de Castro, que assistia à comissão enquanto arquitecto especializado em obras em monumentos nacionais, representando a Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais; e é autor do anteplano de Urbanização de Fátima, Ourém (1943), parcialmente construído a partir de 1948.
Entre 1941 e 1945, integra a Comissão Administrativa do Plano de Obras da Praça do Império e da Zona Marginal de Belém, o plano que ia transformar Belém numa área dedicada ao património, à cultura e ao lazer, onde trabalha em colaboração com Sá e Melo, com quem já havia trabalhado no Comissariado da Exposição do Mundo Português (comissário-adjunto) e na Comissão Administrativa do Plano de Obras da Cidade Universitária de Coimbra, e ainda com os jovens arquitetos Lucínio Cruz, Bernardim Fabião, Alberto José Pessoa, João Castilho e Edgar Duarte de Almeida (os mesmo que trabalham na Comissão Administrativa do Plano de Obras da Cidade Universitária de Coimbra).
Projecta mais algumas casas, em Oeiras, a Casa Zacarias Santana, na Avenida Miguel Bombarda (1941-42), em Cascais, a Casa de São Silvestre, na Avenida de Sabóia (1942), o “Casinhoto”, uma casa para a família em Sintra (1943-48) ou a casa do reitor da Universidade de Coimbra (1944).
Entre os projectos de desenho urbano destacam-se a Esplanada Dr. António da Silva Martins, em Abrantes (1941-42, demolida), a escadaria monumental para a Cidade Universitária de Coimbra (1943-50), o Plano Director de Urbanização de um bairro para sessenta casas desmontáveis (100 habitações) e projectos de casas-tipo, em Coimbra (1945) ou o jardim e monumento à memória do bispo D. Manuel de Portugal, em Lamego, em colaboração com Francisco Franco (1946-1948).
Entre os projectos que continua a elaborar para a CP, realizam-se o cais coberto para a Estação de Santa Apolónia, em Lisboa (1943) e os armazéns de víveres da Estação de Campanhã, no Porto (1943-45) e da Estação de Alfarelos, Soure (1945-47).
Realiza também projectos de instalações industriais para a Electro-Arco Lda. em Lisboa, Amadora e Lourenço Marques (Maputo) (1943), da Standard Elétrica, na Avenida da Índia em Lisboa (1944-48) e da Fábrica Barros Ld.ª na Avenida Infante D. Henrique em Lisboa (1947-52) sendo o acompanhamento da execução da obra assegurado por Veloso Reis Camelo a partir de 1948.
Em 1941 é nomeado, por Raul Lino, para vogal da Academia Nacional de Belas-Artes. Em 1941 é eleito Secretário da Direcção do Sindicato Nacional dos Arquitectos, sendo eleito presidente do mesmo em 1945, cargo que ocupa até Março de 1948, quando é derrotado pela lista encabeçada por Keil do Amaral (que é impedido de tomar posse do cargo por motivos de ordem política).
Assume a residência da Comissão Executiva do I Congresso Nacional de Arquitectura em 1947, assegurando a realização do primeiro Congresso desta classe profissional de 28 de Maio a 4 de Junho de 1948. Esta foi a sua última intervenção pública, antes do dramático acidente de pesca que o vitimou em 18 de Setembro de 1948.
Em 1961 é-lhe atribuída, a título póstumo, a Medalha de Ouro da Cidade de Lisboa, pela Câmara Municipal de Lisboa.
Ante-projecto da Standard Eléctrica (1944) |
Informações sobre os documentários aqui.
Mapa de localização do local onde decorrerá a sessão aqui.
Apoio:
Museu Nacional Ferroviário, Entroncamento
PROGRAMA:
9 de Fevereiro, 19h00
Carruagem auditório, Museu Nacional Ferroviário, Entroncamento
COTTINELLI TELMO
Uma Vida Interrompida
(2013, António-Pedro Vasconcelos e Leandro Ferreira, 58')
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