quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

PROJECTAR COM CHARLES RENNIE MACKINTOSH

Charles Rennie Mackintosh - 1893 (c) Annan Galery

As sessões da actividade PROJECTAR abrem o ano de 2014 com CHARLES RENNIE MACKINTOSH, no dia 23 de Janeiro pelas 19h00 no auditório do Centro de Artes e Cultura de PONTE DE SOR.

Charles Rennie Mackintosh nasceu a 7 de Junho de 1868 em Glasgow, um de onze irmãos, filho de William e Margaret Mackintosh. Aos nove anos entrou para a Allan Glen’s Institution, uma escola privada voltada para a aprendizagem vocacional e, aos quinze, começou a ter aulas à noite na Glasgow School of Art, que frequenta até 1894. Em 1884 foi admitido como estagiário por cinco anos no gabinete de arquitectura de John Hutchins, e em 1889 passou a trabalhar na mais relevante firma Honeyman & Keppie.

No meio artístico aprofunda a sua percepção da integração das belas artes e das artes decorativas na arquitectura e cria novas amizades, com destaque para Herbert McNair, seu colega desenhador na Honeyman & Keppie, e as irmãs Macdonald, Margaret e Frances, que passaram a ser conhecidos por 'Os Quatro', e as suas obras artísticas vieram a ser apelidadas de 'a escola assombrada'. Em 1900, Charles casa com Margaret, que virá a ser a sua principal colaboradora ao longo da vida.

Naquela empresa, as suas obras começam a revelar uma maior maturidade, como o edifício para o Glasgow Herald (1894) ou a Martyr’s Public School (1895). Em 1896 Francis Newbery, director da Glasgow School of Arts, convidou doze gabinetes para um concurso para o novo edifício da escola. Honeyman & Keppie ganhou o concurso com o projecto de Mackintosh. Esta viria a ser a sua obra prima, contruída em duas fases por constrangimentos financeiros, entre 1897-99 e 1907-09, o que lhe permitiu melhorar o seu desenho em arrojo e modernidade, num período que coincidiu com a sua fase de trabalho mais fértil.

São desta época os projectos de alguns interiores, como uma sala de música em Viena para Fritz Wärndorfer (1902), o interior de uma casa do séc. XVIII, Hous’hill do casal Kate Cranston e John Cochrane (1904-09), ou a decoração e mobiliário do seu apartamento na Mains Street, 120 (1900), e depois na Southpark Avenue, 78 (1906), ambos em Glasgow, que desenhou em conjunto com a sua esposa; ou as casas Windyhill, Kilmalcolm, a sua primeira casa isolada, para o seu amigo William Davidson (1900-01) e, principlamente, a Hill House nos arredores de Helensburgh, para o editor Walter Blackie (1902-04).

Mackintosh teve uma grande sorte de poder trabalhar para alguns patronos na sua carreira, como Walter Blackie, que lhe permitiram ter controlo total sobre todos os níveis do projecto. Mas a empresária de Glasgow Catherine Cranston foi uma das mais importantes com a sua cadeia de salas de chá, cujos interiores (projectados e mobilados entre 1896-1917) lhe proporcionaram uma total liberdade para experimentar. Responsável pelo ‘design total’ Mackintosh mobilou as salas de chá (incluindo as dramáticas cadeiras de encosto alto), e candeeiros, decoração de paredes e até talheres.

Na Europa o seu trabalho começa a ser conhecido, principalmente na Áustria, onde contribuiu para a 8.ª Secessão Vienense, e fez depois exposições em Turim, Moscovo, entre outros locais. Apesar deste reconhecimento internacional, Mackintosh sente-se pouco valorizado na sua terra, onde começa a ter dificuldade em encontrar novos clientes, em particular dispostos a concederem-lhe o controlo total dos projectos que persegue. Entrou no concurso para uma nova catedral para Liverpool (1902), mas o seu projecto não foi seleccionado, sendo a Scotland Street School (1906) em Glasgow, o seu último trabalho de iniciativa pública.

Em 1914 abandona a Honeyman & Keppie, da qual se tinha tornado sócio em 1901, e muda-se para Walberswick, no Suffolk, onde, devido aos seus contactos artísticos com a Áustria e a Alemanha e com o eclodir da Primeira Guerra Mundial, é suspeito de ser espião, o que o força a mudar-se para Chelsea, Londres, em 1915. Com a guerra, as restrições para novas construções diminuem drasticamente as encomendas de projectos, e dos poucos que Mackintosh teve oportunidade de desenvolver destaca-se a remodelação interior de uma casa em Derngate, Northampton para W.J. Bassett-Lowke (1916-19), para a qual desenvolve uma nova abordagem geométrica e cromática.

Nesta fase de menor trabalho, dedica-se a pintar aguarelas de temas florais, na perspectiva da publicação de um livro, e produz padrões de tecidos para Messrs. Foxton and Messrs. Em 1923 o casal muda-se para Port Vendres, no sul de França, onde se dedica à pintura de aguarelas, em grande parte de paisagens. Em 1927, é forçado a regressar a Londres por motivo de doença, sendo-lhe diagnosticado cancro na língua e garganta. É-lhe removida a língua e, apesar de uma ligeira recuperação, vem a falecer no dia 10 de Dezembro de 1928, com 60 anos.

Margaret Macdonald, nascida a 5 de Novembro de 1864 em Tipton, perto de Wolverhampton, sobrevive-lhe poucos anos. Faleceu a 7 de Janeiro de 1933 em Chelsea, Londres, com 68 anos.

Excerto e informações sobre o documentário aqui.
Mapa de localização do local onde decorrerá a sessão aqui.

Apoio:
Município de Ponte de Sor

PROGRAMA:

23 de Janeiro, 19h00
Auditório do Centro de Artes e Cultura de Ponte de Sor
CHARLES RENNIE MACKINTOSH, Um Homem Moderno
(1996, Richard Downes, 45')

20 de Fevereiro, 19h00
Salão Nobre dos Paços do Concelho de Ferreira do Zêzere
JEAN NOUVEL, Retrato e Reflexão
(1998, Jean-Louis André, 51')

Estas sessões obtiveram a validação de 1 crédito cada no âmbito da formação obrigatória em temáticas opcionais dos estágios de ingresso na O.A.

Sem comentários:

Enviar um comentário